Com
mais um ano concluído, uma nova lista de livros lidos apresenta-se aqui. Como é
de praxe, você verá que nela há um pouco de tudo: literatura, história, espiritualidade,
ciência política etc. E digo isso sem a pretensão de tornar-me um polímata renascentista.
Sei bem que estou demasiadamente distante do patamar dos velhos mestres, cuja envergadura
faria de mim uma criança bagunçando as palavras com suas manias. Nessa vida que
sigo desbravando, sou nada mais que um curioso, um errante à procura dos mais
variados recantos da mente humana. Como pensavam os grandes filósofos, teóricos
e artistas? Só estudando pra saber.
Ainda
assim, não posso afirmar que apreciei tudo que acabei lendo. Há livros que
prometem mais do que, realmente, podem entregar aos seus leitores, tornando-se,
assim, obras esquecíveis, destinadas à obscuridade nas prateleiras dos sebos. Muitas
delas não passam de modinhas sem fôlego, impulsionadas por um marketing agressivo
e, claro, um frenesi de consumidores abobados. Em parte, elas cumprem a função
de azeitar o mercado editorial, que, em sua maioria, vê nos livros nada mais
que um produto a ser comercializado, reflexo de uma sociedade em que nada
importa mais que o lucro. Num mundo ideal, os best-sellers fariam com que as pessoas adquirissem o precioso hábito
da leitura, de tal maneira que passassem a frequentar as livrarias procurando
por novos títulos e autores. No entanto, a despeito do sucesso comercial dos best-sellers, a maior
parte da nossa gente continua apartada dos livros.
A
chatice em ler certos livros deve-se a inúmeras razões: às vezes, a escrita do
autor é hermética e torturante, ou o tema é enfadonho, ou foi mal traduzido e
assim por diante. Contudo, avaliar a qualidade dos livros abaixo, tanto os bons
quanto os ruins, não é o propósito deste texto. Ao invés de perder tempo
falando acerca do trabalho alheio, fruto daquilo que não me cabe julgar, prefiro
me ocupar em trilhar as veredas que tenho à minha frente. A labuta em escrever
exige de mim um esforço extenuante, de modo que o tempo torna-se escasso e a
escolha das prioridades algo inevitável. Aqueles que veem nisso uma forma de
sacrifício, não estão equivocados. Deixemos, portanto, que os críticos façam
seu trabalho.
Ler
onze livros em um ano, é muito pouco. Mesmo que alguns destes títulos sejam
imponentes calhamaços de mil páginas, no fundo, eu sei bem que poderia ter lido
mais. Fazê-lo, contudo, requer uma disciplina que não tenho, especialmente, se
o autor for maçante. Ah, como invejo os leitores vorazes! Nunca deixarei de
admirar quem desfruta da capacidade de ler dezenas e mais dezenas de livros por
ano. Ao contrário desses indivíduos, minha leitura é demorada, cadenciada por
passos de tartaruga, o que não quer dizer que seja mais qualificada que as
demais. Aliás, não foram raras as vezes em que cochilei lendo o trabalho de
alguns autores; também não foram raras as vezes em que gritei aliviado por
acabar um livro terrivelmente tedioso. Ainda na mesma semana, fiz questão de ir
ao sebo para me livrar dele. Faz parte da vida.
Por fim, aos que padecem da mesma desgraçada desatenção que eu, só me resta dizer uma coisa: não há outra forma de se aprimorar a leitura, exceto insistindo em retornar a ela dia após dia.
Para
o próximo ano, vou estabelecer a meta de vinte e cinco livros lidos.
1.
Memórias
do subsolo, Fiódor Dostoievski (Editora 34);
2.
Tradução
– Ato Desmedido, Boris Schnaiderman (Perspectiva);
3.
Sobre
a natureza humana, Roger Scruton (Editora Record);
4.
Tolos,
fraudes e militantes, Roger Scruton (Editora Record);
5.
A Alma
do mundo, Roger Scruton (Editora Record);
6.
Socialismo
traído, Roger Keeran e Thomas Kenny (LavraPalavra);
7.
Introdução
à literatura fantástica,
Tzvetan Todorov (Perspectiva);
8.
História
do Brasil: Uma interpretação, Carlos Guilherme Mota
& Adriana Lopez (Editora 34);
9.
A
nuvem do não-saber, Anônimo (Editora Vozes);
10. Reforma ou revolução?,
Rosa Luxemburgo (Expressão popular);
11. Escritos políticos,
Frantz Fanon (Boitempo).
Daniel Viana de Sousa
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