segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Livros lidos em 2024

 

Com mais um ano concluído, uma nova lista de livros lidos apresenta-se aqui. Como é de praxe, você verá que nela há um pouco de tudo: literatura, história, espiritualidade, ciência política etc. E digo isso sem a pretensão de tornar-me um polímata renascentista. Sei bem que estou demasiadamente distante do patamar dos velhos mestres, cuja envergadura faria de mim uma criança bagunçando as palavras com suas manias. Nessa vida que sigo desbravando, sou nada mais que um curioso, um errante à procura dos mais variados recantos da mente humana. Como pensavam os grandes filósofos, teóricos e artistas? Só estudando pra saber.

Ainda assim, não posso afirmar que apreciei tudo que acabei lendo. Há livros que prometem mais do que, realmente, podem entregar aos seus leitores, tornando-se, assim, obras esquecíveis, destinadas à obscuridade nas prateleiras dos sebos. Muitas delas não passam de modinhas sem fôlego, impulsionadas por um marketing agressivo e, claro, um frenesi de consumidores abobados. Em parte, elas cumprem a função de azeitar o mercado editorial, que, em sua maioria, vê nos livros nada mais que um produto a ser comercializado, reflexo de uma sociedade em que nada importa mais que o lucro. Num mundo ideal, os best-sellers fariam com que as pessoas adquirissem o precioso hábito da leitura, de tal maneira que passassem a frequentar as livrarias procurando por novos títulos e autores. No entanto, a despeito do sucesso comercial dos best-sellersa maior parte da nossa gente continua apartada dos livros.

A chatice em ler certos livros deve-se a inúmeras razões: às vezes, a escrita do autor é hermética e torturante, ou o tema é enfadonho, ou foi mal traduzido e assim por diante. Contudo, avaliar a qualidade dos livros abaixo, tanto os bons quanto os ruins, não é o propósito deste texto. Ao invés de perder tempo falando acerca do trabalho alheio, fruto daquilo que não me cabe julgar, prefiro me ocupar em trilhar as veredas que tenho à minha frente. A labuta em escrever exige de mim um esforço extenuante, de modo que o tempo torna-se escasso e a escolha das prioridades algo inevitável. Aqueles que veem nisso uma forma de sacrifício, não estão equivocados. Deixemos, portanto, que os críticos façam seu trabalho.

Ler onze livros em um ano, é muito pouco. Mesmo que alguns destes títulos sejam imponentes calhamaços de mil páginas, no fundo, eu sei bem que poderia ter lido mais. Fazê-lo, contudo, requer uma disciplina que não tenho, especialmente, se o autor for maçante. Ah, como invejo os leitores vorazes! Nunca deixarei de admirar quem desfruta da capacidade de ler dezenas e mais dezenas de livros por ano. Ao contrário desses indivíduos, minha leitura é demorada, cadenciada por passos de tartaruga, o que não quer dizer que seja mais qualificada que as demais. Aliás, não foram raras as vezes em que cochilei lendo o trabalho de alguns autores; também não foram raras as vezes em que gritei aliviado por acabar um livro terrivelmente tedioso. Ainda na mesma semana, fiz questão de ir ao sebo para me livrar dele. Faz parte da vida.

Por fim, aos que padecem da mesma desgraçada desatenção que eu, só me resta dizer uma coisa: não há outra forma de se aprimorar a leitura, exceto insistindo em retornar a ela dia após dia.

Para o próximo ano, vou estabelecer a meta de vinte e cinco livros lidos.

 

1.      Memórias do subsolo, Fiódor Dostoievski (Editora 34);

2.      Tradução – Ato Desmedido, Boris Schnaiderman (Perspectiva);

3.      Sobre a natureza humana, Roger Scruton (Editora Record);

4.      Tolos, fraudes e militantes, Roger Scruton (Editora Record);

5.      A Alma do mundo, Roger Scruton (Editora Record);

6.      Socialismo traído, Roger Keeran e Thomas Kenny (LavraPalavra);

7.      Introdução à literatura fantástica, Tzvetan Todorov (Perspectiva);

8.      História do Brasil: Uma interpretação, Carlos Guilherme Mota & Adriana Lopez (Editora 34);

9.      A nuvem do não-saber, Anônimo (Editora Vozes);

10.  Reforma ou revolução?, Rosa Luxemburgo (Expressão popular);

11.  Escritos políticos, Frantz Fanon (Boitempo).

 

 

Daniel Viana de Sousa

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