sábado, 20 de agosto de 2022

Cálice Profano

 


Alheio às velhas luzes distantes,

cujo seráfico vagar eu me aparto,

bebo do cálice de visões delirantes,

santo sumo, profano e catártico.

 

As hostes me banem do espaço

sem poder ferir meu furor radiante,

pois nasci para o fragor famigerado

de ser completo a todo instante.

 

Ferve nisso o Maligno inebriante,

cujo prazer é permanente fardo.

São vermes vorazes de amante

possuídas sem me deixarem farto.

 

Trago, assim, a rijeza do diamante

e a rebeldia de quem é incauto,

e abrir espaço no mar fustigante

para fazer emergir meu último ato.

 

Não fui estimado pelo celebrante

do ritual com o qual não comparto.

Pois, sou proscrito sem atenuante,

vadio apócrifo desde o próprio parto.

 

 

 

Daniel Viana de Sousa

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