domingo, 31 de março de 2024

30 músicas que fizeram minha cabeça

         

      Algumas pessoas podem tomar como pedante o que vou dizer, entretanto, quando o assunto é música, sempre fui tomado por um pendor severo, digno de debates inflamados por sentimentos, absolutamente, inegociáveis. Afinal, todo homem é feito, em boa medida, daquilo que ouviu ao longo de sua vida. Ignorar a potência da música em nossa aventura humana, é típico de quem ainda não compreendeu muito bem como a vida funciona.

    Primeiramente, devo deixar claro o fato de não ter um gênero, grupo ou música favorita — aliás, como alguém que se dispõe a ouvir de tudo, acho essa pergunta meio esquisita. Se não somos sempre os mesmos, como haveríamos de ter algo que nos cativasse, do mesmo modo e na mesma intensidade, ao longo de uma vida inteira? Há músicas e bandas próprias da nossa infância, da nossa juventude e, por fim, da nossa maturidade. Dificilmente eu gostaria, por exemplo, de John Coltrane ou Miles Davis na minha infância, e não há nada de errado nisso.

   Suspeito que haja críticos da minha preferência por músicas e grupos estrangeiros que nacionais. O fato é que, até hoje, o som dos artistas do Reino Unido e dos EUA me impactou mais que a produção das nossas bandas. Se isso não se refletisse na minha listinha, estaria sendo falso comigo mesmo. Desde que tenho alguma lembrança da minha infância, quando meus irmãos colocavam Stairway to Heaven ou Brain Damage pra tocar, carrego no fundo da alma a vibração estimulante dos roqueiros de língua inglesa — de modo especial aqueles que tocaram nos anos 1960 e 1970. E como foi bom passar por isso!

   Por outro lado, quando se trata de analisar nossa cultura musical, jamais acreditei que fossemos dependentes ou inferiores aos demais países. Pelo contrário, o músico brasileiro é genial à sua maneira; sua contribuição para o repertório mundial é originalmente intensa, inovadora e indiscutível. Na realidade, é comum que os estrangeiros admirem mais a nossa música que os próprios nativos deste país. Ao mesmo tempo, o artista nacional é tido por muitos como um vagabundo a ser evitado, um desocupado que leva sua vida à toa. Que lamentável! Como reverter esse quadro? Não há dúvidas que nos falta levar no braço uma dose de autoestima, mas ainda há quem tema quaisquer vacinas.

    No mundo ideal, deveríamos ser cosmopolitas que ouvem de tudo, experimentam de tudo, saboreiam de tudo, no entanto, consegui-lo é dificílimo, quase uma missão irrealista que a maioria nem se dá ao trabalho de fazer. Eles se deixam levar pela maré do consumismo, da superficialidade e da indiferença, abrindo mão de uma busca pelo novo e transformador. Essa é, sem dúvidas, a horda da mediocridade, do comodismo, que sempre procurei evitar — qual a graça de se viver sem um apelo por novas descobertas? No final das contas, somos forçados a fazer uma escolha. Eu optei pelo rock e nunca me arrependerei disso.

Eis então a lista:

           

1.    Stairway to Heaven, Led Zeppelin;

2.    Voodoo Child/ Slight Return, Jimi Hendrix;

3.    Little Wing, Jimi Hendrix;

4.    What’s Going On, Marvin Gaye;

5.    Chain Gang, Sam Cooke;

6.    Stand!, Sly and the Family Stone;

7.    Like a Rolling Stone, Bod Dylan;

8.    Strawberry Fields Forever, The Beatles;

9.    Here Comes the Sun, The Beatles;

10. On Earth as it is in Heaven, Ennio Morricone;

11. Brain Damage, Pink Floyd;

12. Karma Police, Radiohead;

13. Gimme Shelter, The Rolling Stones;

14. Could you be loved, Bob Marley;

15. Arabesque nº 1, Claude Debussy;

16. Suíte para violoncelo nº 1, Johann S. Bach;

17. Concerto para violino em ré maior, op.61, Beethoven;

18. Estudo op. 25 nº 1, Aeolian Harp, Frédéric Chopin;

19. Piano Concerto nº 2, Dmitri Shostakovitch;

20. Samba da Benção, Baden Powell, M. Peixoto, Vinicius de Moraes;

21. Bem que se quis, Nelson Motta / Pinto Daniele;

22. Medo de Avião, Belchior;

23. Corcovado, Tom Jobim;

24. Ligia, João Gilberto;

25. XTAL, Aphex Twin;

26. Paisagem da Janela, Lô Borges;

27. Caçador de mim, Milton Nascimento;

28. Canção da América, Fernando Brant;

29. My Favorite Things, John Coltrane;

30. So What, Miles Davis.


 

Daniel Viana de Sousa

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