Algumas pessoas podem tomar como pedante o que vou dizer, entretanto, quando o assunto é música, sempre fui tomado por um pendor severo, digno de debates inflamados por sentimentos, absolutamente, inegociáveis. Afinal, todo homem é feito, em boa medida, daquilo que ouviu ao longo de sua vida. Ignorar a potência da música em nossa aventura humana, é típico de quem ainda não compreendeu muito bem como a vida funciona.
Primeiramente, devo deixar claro o
fato de não ter um gênero, grupo ou música favorita — aliás, como alguém que se
dispõe a ouvir de tudo, acho essa pergunta meio esquisita. Se não somos sempre
os mesmos, como haveríamos de ter algo que nos cativasse, do mesmo modo e na
mesma intensidade, ao longo de uma vida inteira? Há músicas e bandas próprias
da nossa infância, da nossa juventude e, por fim, da nossa maturidade.
Dificilmente eu gostaria, por exemplo, de John Coltrane ou Miles Davis na minha
infância, e não há nada de errado nisso.
Suspeito que haja críticos da minha
preferência por músicas e grupos estrangeiros que nacionais. O fato é que, até
hoje, o som dos artistas do Reino Unido e dos EUA me impactou mais que a
produção das nossas bandas. Se isso não se refletisse na minha listinha, estaria
sendo falso comigo mesmo. Desde que tenho alguma lembrança da minha infância,
quando meus irmãos colocavam Stairway to
Heaven ou Brain Damage pra tocar,
carrego no fundo da alma a vibração estimulante dos roqueiros de língua inglesa
— de modo especial aqueles que tocaram nos anos 1960 e 1970. E como foi bom
passar por isso!
Por outro lado, quando se trata de
analisar nossa cultura musical, jamais acreditei que fossemos dependentes ou inferiores
aos demais países. Pelo contrário, o músico brasileiro é genial à sua maneira;
sua contribuição para o repertório mundial é originalmente intensa, inovadora e
indiscutível. Na realidade, é comum que os estrangeiros admirem mais a nossa
música que os próprios nativos deste país. Ao mesmo tempo, o artista nacional é
tido por muitos como um vagabundo a ser evitado, um desocupado que leva sua
vida à toa. Que lamentável! Como reverter esse quadro? Não há dúvidas que nos
falta levar no braço uma dose de autoestima, mas ainda há quem tema quaisquer
vacinas.
No mundo ideal, deveríamos ser
cosmopolitas que ouvem de tudo, experimentam de tudo, saboreiam de tudo, no
entanto, consegui-lo é dificílimo, quase uma missão irrealista que a maioria
nem se dá ao trabalho de fazer. Eles se deixam levar pela maré do consumismo,
da superficialidade e da indiferença, abrindo mão de uma busca pelo novo e
transformador. Essa é, sem dúvidas, a horda da mediocridade, do comodismo, que
sempre procurei evitar — qual a graça de se viver sem um apelo por novas
descobertas? No final das contas, somos forçados a fazer uma escolha. Eu optei
pelo rock e nunca me arrependerei disso.
Eis
então a lista:
1. Stairway
to Heaven, Led Zeppelin;
2. Voodoo
Child/ Slight Return, Jimi
Hendrix;
3. Little Wing, Jimi Hendrix;
4. What’s
Going On, Marvin Gaye;
5. Chain
Gang, Sam Cooke;
6. Stand!, Sly and the Family Stone;
7. Like a
Rolling Stone, Bod Dylan;
8. Strawberry
Fields Forever, The Beatles;
9. Here
Comes the Sun, The Beatles;
10. On
Earth as it is in Heaven, Ennio
Morricone;
11. Brain
Damage, Pink Floyd;
12. Karma
Police, Radiohead;
13. Gimme
Shelter, The Rolling Stones;
14. Could
you be loved, Bob Marley;
15. Arabesque
nº 1, Claude Debussy;
16. Suíte para violoncelo nº 1, Johann
S. Bach;
17. Concerto para violino em ré maior, op.61, Beethoven;
18. Estudo
op. 25 nº 1, Aeolian Harp, Frédéric
Chopin;
19. Piano Concerto nº 2,
Dmitri Shostakovitch;
20. Samba da Benção, Baden
Powell, M. Peixoto, Vinicius de Moraes;
21. Bem que se quis, Nelson
Motta / Pinto Daniele;
22. Medo de Avião,
Belchior;
23. Corcovado, Tom
Jobim;
24. Ligia, João Gilberto;
25. XTAL, Aphex Twin;
26. Paisagem da Janela, Lô
Borges;
27. Caçador de mim,
Milton Nascimento;
28. Canção da América,
Fernando Brant;
29. My
Favorite Things, John Coltrane;
30. So
What, Miles Davis.
Daniel
Viana de Sousa
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